domingo, 16 de janeiro de 2011

Debaixo do Tapete.

Neste país, a ânsia de bajular é uma paixão avassaladora, incontrolável. Principalmente nos dias que se seguem à revelação do nome de um novo mandatário, ela bloqueia o uso da razão, rompe o mais simples senso da realidade, dando lugar a idolatria e a psicose. Deve ser graças à essa tendência brasileira ao apadrinhamento e ao xelelismo (relembrando o Prof. Faé) que o povo se esquece de que o Brasil ainda é o velho país de sempre, aquele dos graves problemas e entraves, os quais são quase sempre escondidos para debaixo do tapete. Assim, muito além da fanfarra do petismo e do oba-oba nacionalista ( A pátria é o refúgio do canalha, segundo o gênio Millôr), vou relembrar algumas passagens indigestas sobre o Brasil.

Nosso país está em 73º. lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, abaixo do Peru, do Panamá, do México, da Costa Rica e de Trinidad e Tobago. Segundo dados da mesma ONU, entre quarenta e cinquenta mil brasileiros continuam sendo assassinados por ano (o equivalente a duas guerras do Iraque que dura desde 2003), fazendo deste país um dos lugares do universo onde é mais perigoso cometer a imprudência de andar nas ruas ou, pior ainda, a de ficar em casa. O Brasil é o único país da América Latina onde o consumo de tóxicos está aumentando em vez de diminuir. A saúde é uma carnificina em qualquer lugar do país. Nossos estudantes continuam tirando persistentemente os últimos lugares em todos os testes internacionais de aproveitamento escolar. A universidade que a mídia unânime proclama ser a melhor do Brasil, a USP, ficou em 210º. lugar no ranking das instituições universitárias calculado pelo London Times. Há várias décadas o Brasil não tem um único escritor que se possa comparar aos dos anos 60 ou 70, exceto os nonagenários e centenários que sobraram daquela época. A alta cultura simplesmente desapareceu deste país, ao ponto de já ninguém ser culto o bastante para dar pela sua falta, quanto mais para enxergar algo de grave nesse fenômeno, inédito mesmo em nações paupérrimas. Os índices de corrupção cresceram mais durante o governo Lula (inclusive no ministério de Dilma Ducheff) do que ao longo de toda a nossa História anterior, tornando, por exemplo, o uso eleitoral da máquina administrativa algo corriqueiro e normal.

Que motivo de orgulho sobra para tanta bajulação, autoendeusamento? A recuperação econômica, é claro. Mas, descontado o fato de que o índice de crescimento não passa de 4,6 por cento ( um terço do que chegou a alcançar no período militar, como sempre lembra o Faé), há uma diferença moral substantiva: no tempo dos militares o presidente Médici ainda tinha a dignidade de reconhecer que "a economia vai bem, mas o povo vai mal", já hoje não só o governo, mas também os seus bajuladores, pretendem que analisemos um governo apenas pelo fator econômico e nos inebriemos de orgulho no meio da matança, do sofrimento, do fracasso e da degradação moral mais asquerosa e constrangedora que já se viu em qualquer país do mundo. Tornou-se comum as pessoas observarem a sociedade através de cifrões, o que reduz a civilização a uma questão contábil e as torna insensíveis para a destruição de tudo o que constitui a substância, o valor e a dignidade da vida humana. Escrevo isso após ler que os petistas abarcaram mais de 60% dos cargos públicos do novo governo,inflando ainda mais a enferrujada máquina pública às nossas custas. Pobre Brasil!!

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