quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Lula, O Filho do Brasil.


Produto feito com aval do Palácio do Planalto e embalado para ser visto por 20 milhões de espectadores, "Lula, o Filho do Brasil", o mais caro filme produzido até hoje no país, fracassou miseravelmente. Foram gastos quase R$ 40 milhões, incluindo farta publicidade, como também subsídios para a companheirada assistir pela metade do preço (houve sessões a 5 reais para os sindicalizados). Até agora, o filme foi visto por menos de 1 milhão de pessoas nas salas de cinema.
O filme 2 Filhos de Francisco já atingiu os 5 milhões.
Segundo os jornais, ao tomar conhecimento do fato, Lula ficou "desapontado''.

Tenho um casal de amigos que gostou tanto do filme que diz tê-lo assistido quatro vezes. Aqui em Rondônia, apesar de o Serra ter vencido nos dois turnos, há um grupo muito forte de petistas e simpatizantes; as escolas estão impestadas, são minha diversão.
Hein? Mentira minha? Não é não! Apesar de tanta expectativa, o resultado da bilheteria murchou os ânimos dos protagonistas e produtores. Dizem que a única plateia que bateu palmas para a obra de Fábio Barreto foi a que compareceu à sua pré-estreia: um seleto grupo de pelegos e xeleléus, provenientes de sindicatos, estatais, partidos aliados ao governo, militantes petistas e empresários com negócios com o governo (esses últimos saíram com as mãos avermelhadas de tanta tenacidade). Para quem antevia um estouro de bilheteria, produzido por um público entre 5 e 20 milhões de fãs, o filme é um esférico e lustroso fracasso. Olhando assim, pelo alto, até parece obra do PAC, não é mesmo? Empacou, não funcionou, custou caro, foi cercado de imensa publicidade, pretendia ampliar o prestígio de Lula e foi concebido em tom de puxa-saquismo. Mas não é obra do PAC, não! Tem tudo para ser, mas não é.
Não é do PAC e não tem mãe. Alguém dirá que não faz sentido ironizar o insucesso do filme. Acontece que "Lula, o filho do Brasil" foi concebido para tornar-se arma política. E esperava-se que os fiéis assistentes deixariam as salas de exibição decididos a apoiar a candidatura de Dilma( é óbvio que o Lula não precisava disso, já que no Brasil, ele manobra as massas ao bel-prazer, algo irracional até).

Fui ver o filme de Lula, à época, na única sala de cinema aqui de Rolim de Moura, na companhia impagável da Val, sessão de 20h, num sabadão, horário considerado nobre pra essa arte. Sua plateia, formada por umas 20 curiosas pessoas, mostrava-se entediada, piorando com o som áspero de uma trilha sonora apelativa. Antes do letreiro "Fim", uns cinco espectadores mais hostis à monotonia, simplesmente abandonaram a sala, com caras de poucos amigos (pensei na hora: devem ser peessedebistas, como eu).

Em qualquer lugar do mundo, um fracasso de bilheteria arde no bolso de quem investiu. No Brasil, as coisas não são assim. Quando um filme chega aos cinemas, todo mundo já ganhou dinheiro através dos benefícios de incentivo à cultura, retirados diretamente do contribuinte. Não sou contra financiarem a cultura mas quando o produto realmente tem valor cultural. Agora, quando os pacientes do SUS se empilham em beliches nos corredores ( Rondônia está crítica nesse aspecto), quando a sociedade padece nas mãos da criminalidade e quando a educação anda um passo atrás da ignorância, penso que a escala das prioridades deve dá outros rumos para esses recursos. Não sei o porquê do sucesso financeiro de um filme não depender da aceitação do público, como em outras partes do mundo. Aqui no Brasil o sucesso depende de quanto se consegue arrancar das verbas públicas. É preciso esclarecer também que houve muito patrocínio privado para o filme, algo fácil em ano de eleição, óbvio. O Eike Batista, por exemplo, patrocinou as duas campanhas à presidência. O retorno, ele obtém depois, ganhe quem ganhar. Ainda sobre o filme, soube que aqui, onde moro, perdeu feio até para filmes B americanos, como Alvin e os Esquilos ( imaginem se comparássemos com os ótimos filmes citados no blog do Roberto Almeida, seria uma humilhação só).

Penso que a primeira razão pela qual o filme de Lula fracassou é porque ele navega, muitas vezes na mentira. O filme é o desejo manifesto de se fabricar a imagem do herói predestinado que se torna presidente. Em uma cena, o Lula chega pondo o diretor do sindicato contra a parede e até soca a mesa, querendo substitui-lo. Tal fato não houve segundo Paulo Vidal, o presidente sindical. E diz mais: ''Eu fiz o Lula presidente do sindicato. E não ele foi lá e ditou regra''. Em outra cena, o pai de Lula lhe dá um piperote e tenta bater, também, na mãe, quando o menino se arreta e fala: ''homem não bate em mulher''. Tal fato nunca houve, segundo a biógrafa Denise Paraná. Mais uma mentira:ao ver um linchamento de um diretor da fábrica, Lula diz ao irmão sindicalista: "Ele também é um trabalhador". Na verdade, durante uma greve, um diretor da fábrica atirou em um operário. Os grevistas, revoltados, o jogaram da janela e o espancaram com selvageria. Lula, que viu a cena mas não fez nada, apenas comentou: "Eu achava que o pessoal estava fazendo justiça". Como o filme não tem senso de humor, o objetivo é comover o espectador pela exploração da miséria física e humana da paisagem difícil. Neste contexto, por exemplo, a cena de zoofilia citada por Lula na infância, conforme seu relato à "Playboy" (em julho de 1979) fica de fora. Como de fora fica o episódio marcante em que Vavá, o irmão mais velho de Lula, rouba mortadela para matar a fome da família.

Na semana passada, li no blog do Roberto Almeida que o filme aqui tratado não prosseguirá na busca pelo Oscar. Infelizmente para o Brasil. Acho que já passou da hora de termos um Oscar e uns prêmios Nobel, ao menos na literatura (fica difícil com Chico Buarque achando que é escritor e ganhando prêmio de 1º lugar tendo ficado em 2º; e Paulo Coelho só falando de bruxas e misticismo).
A vida do Lula, essa sim, merece um Oscar. O filme que a retrata, parece que ainda não!

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