domingo, 19 de agosto de 2012

AS MELHORES FRASES DE NELSON RODRIGUES



A companhia de um paulista é a pior forma de solidão

O homem começa a morrer na sua primeira experiência sexual
Só os profetas enxergam o óbvio
Deus prefere os suicidas
A morte é anterior a si mesma
Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.
Todo desejo é vil
A cama é um móvel metafísico
Até 1919, a mulher que ia ao ginecologista sentia-se, ela própria, uma adúltera
O brasileiro chamado de doutor treme em cima dos sapatos. Seja ele rei ou arquiteto, pau-de-arara, comerciário ou ministro, fica de lábio trêmulo e olho rútilo
Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante
Toda mulher gosta de apanhar. Só as neuróticas reagem
Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo
O marido não deve ser o último a saber. O marido não deve saber nunca
O biquíni é uma nudez pior do que a nudez
Só há uma tosse admissível: a nossa
Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma
Não admito censura nem de Jesus Cristo
Nada nos humilha mais do que a coragem alheia
Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral
Morder é tara? Tara é não morder
Todo tímido é candidato a um crime sexual
Quem nunca desejou morrer com o ser amado nunca amou, nem sabe o que é amar
O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro
O amigo é um momento de eternidade
O asmático é o único que não trai
Não há bola no mundo que seja indiferente a Zizinho.
A humilhação de 50, jamais cicatrizada, ainda pinga sangue. Todo escrete tem sua fera. Naquela ocasião, a fera estava do outro lado e chamava-se Obdulio Varela.
Djalma Santos põe, no seu arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo negro.
Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.
Um jogador rigorosamente brasileiro, brasileiro da cabeça aos sapatos. Tinha a fantasia, a improvisação, a molecagem, a sensualidade do nosso craque típico.
Não me venham falar em Di Stéfano, em Puskas, em Sivori, em Suárez. Eis a singela e casta verdade: não chegam aos pés de Pelé. Quando muito, podem engraxar-lhe os sapatos, escovar-lhe o manto.
Um time que tem Pelé é tricampeão nato e hereditário.
O futebol é passional porque é jogado pelo pobre ser humano.
Um Garrincha transcende todos os padrões de julgamento. Estou certo de que o próprio Juízo Final há de sentir-se incompetente para opinar sobre o nosso Mané.
Eu digo: não há no Brasil, não há no mundo ninguém tão terno, ninguém tão passarinho como o Mané.
O casamento não é culpado de nada. Nós é que somos culpados de tudo.
A dúvida é autora das insônias mais cruéis. Ao passo que, inversamente, uma boa e sólida certeza vale como um barbitúrico irresistível.
Toda coerência é, no mínimo, suspeita.
A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: – o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.
Toda a história humana ensina que só os profetas enxergam o óbvio.
Amar é ser fiel a quem nos trai.
Acho a liberdade mais importante que o pão.
Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível.
Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro.
Só não estamos de quatro, urrando no bosque, porque o sentimento de culpa nos salva.
No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.
A morte de um velho amigo é uma catástrofe na memória. Todas nossas relaões com o passado ficam alteradas.
Deus só freqüenta as igrejas vazias.
Copacabana vive, por semana, sete domingos.
Não ama seu marido? Pois ame alguém, e já. Não perca tempo, minha senhora!
A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia.
Todo ginecologista devia ser casto. O ginecologista devia andar de batina, sandálias e coroinha na cabeça. Como um são Francisco de Assis, com a luva de borracha e um passarinho em cada ombro.
A verdadeira grã-fina tem a aridez de três desertos.
No passado, a notícia e o fato eram simultâneos. O atropelado acabava de estrebuchar na página do jornal.
Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.
Nossa ficção é cega para o cio nacional. Por exemplo: não há, na obra do Guimarães Rosa, uma só curra.
Os magros só deviam amar vestidos, e nunca no claro.
Um filho, numa mulher, é uma transformação. Até uma cretina, quando tem um filho, melhora.
O cardiologista não tem, como o analista, dez anos para curar o doente. Ou melhor: – dez anos para não curar. Não há no enfarte a paciência das neuroses
Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro.
Nunca a mulher foi menos amada do que em nossos dias.
O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.
Enquanto um sábio negro não puder ser nosso embaixador em Paris, nós seremos o pré-Brasil.
Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: – não façam literatice. O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra.
Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.
Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: – a nossa.
Sexo é para operário.
Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.
Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista.

Um comentário:

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