quinta-feira, 24 de outubro de 2013

LUCINHA PEIXOTO: 'PARA NÃO ESQUECEREM DE MIM (10)

Para não esquecerem de mim (10)



“14.

Nem mesmo Kruschev ficou bem nessa história. Durante o Grande Terror, ele não só cumpria as cotas de mortos estabelecidas por Stálin como ia além delas. Em julho de 1937, o governo estabeleceu que 72.950 pessoas deveriam ser mortas e 259.450 levadas a campos de trabalho forçado. Kruschev, líder da burocracia soviética nessa época, era responsável por uma cota de 50 mim funcionários mortor. Matou 55.741. (Por coincidência, detalhes sobre essa e outras matanças desapareceram dos arquivos soviéticos pouco antes de Kruschev revelar ao mundo os crimes de Stálin).”

Eficiência assim eu só vejo no Minha Casa Minha Vida, cujas casas já estão caindo pelos pedaços e uma boa parte já foi invadida ou saqueada. Cruzes!

“15.

Se você fosse um produtor de arroz, fabricante de carros ou um costureiro, o que faria se um inspetor do governo de repente o informasse que, daquele dia em diante, sua empresa pertenceria ao governo, mas que você deveria continuar trabalhando, e ainda o ameaçasse de prisão se você escondesse parte das mercadorias? Não é difícil prever que as pessoas se empenhariam menos na produção, afinal a recompensa não mudaria caso fabricassem 30 quilos ou uma tonelada. É por causa dessa falta de incentivo que todos, exatamente todos os regimes comunistas resultaram em quedas da colheita, prateleiras vazias, falta de produtos básicos, atrasos em serviços, cartões de racionamento e promessas do governo dizendo que o desabastecimento iria acabar em breve. Essa carestia gerou uma abundância – de piadas. Como a do homem que vai comprar um carro numa loja em Moscou e, depois de pagar o combinado, pergunta ao vendedor quando receberá o automóvel. O vendedor consulta suas listas e informa que será um dia dali a dez anos. O comprador pensa um pouco e replica:
- De manhã ou à tarde?
- Que diferença faz? Pergunta o vendedor estupefato.
- É que o encanador marcou de aparecer pela manhã.”

Não sei por que eu lembrei da história do papel higiênico na Venezuela. Dizem que sumiu do mercado. O governo diz que é culpa dos americanos que querem ver seus patrícios de bunda suja. Mas, veja a seguinte razão, que é relacionada com o tema mas envolve outro conhecido país, que agora só produz médicos para exportação:

“16.

Outra consequência embaraçosa dos racionamentos é a falta de papel higiênico. Sem ele, a saída mais comum dos cidadãos é improvisar cm papéis que não faltam no mundo comunista: jornais estatais. Os cubanos usam as páginas do Granma – mais macias e com menos tinta que o jornal Trabajadores. E fazem piadas com o problema:
- O que é mais útil, a televisão ou o jornal?
- O jornal, claro. Você não pode limpar-se na televisão.”

Devido a necessidade de esgotar o tema, aqui vai mais outra razão, envolvendo o próprio berço do socialismo real:

“17

Nas prisões da NKVD em Moscou, a falta de papel higiênico reverteu-se num pequeno benefício aos pobres prisioneiros. Os guardas davam a eles folhas de livros que haviam sido apreendidos pela polícia – o que incluía quase toda a literatura pré-soviética, até mesmo Dostoiévski. Ao acertar as contas com a natureza, o preso poderia passar o tempo lendo obras subversivas, tornando assim a visita ao banheiro uma importante forma de adquirir conhecimento. As obras que rendiam cadeia por todo o país estavam disponíveis somente justamente na cadeia. No fim das contas, a cultura adquirida não ajudaria em muita coisa, já que poucos prisioneiros sairiam vivos dali.”


Coisas do socialismo!

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