quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Vendendo a alma a Deus por um punhado de votos - JOSÉ NÊUMANNE


quarta-feira, fevereiro 26, 2014


Vendendo a alma a Deus por um punhado de votos - JOSÉ NÊUMANNE

O Estado de S.Paulo - 26/02

Entre os entrevistados da última pesquisa do instituto MDA para a Confederação Nacional de Transportes (CNT), divulgada na semana passada, a maior parte dos eleitores questionados sobre o estilo administrativo da atual presidente - 37,2% - disse acreditar que ela precisa "mudar tudo" na forma de governar. Os idiotas da objetividade, definição cruel e exata de Nelson Rodrigues, dirão que a oposição pode botar o bloco na rua uma semana antes do carnaval porque, depois de 12 anos de reinado petelulista, tucanos e socialistas teriam, enfim, sua vez. Certo? Completamente errado: a mesma pesquisa informou que, com 43,7% da preferência do eleitorado, Dilma Rousseff seria reeleita no primeiro turno, superando a soma dos votos dos oponentes.

"Com mil e seiscentos diabos!", exclamaria meu avô Chico Ferreira, alisando o maxilar e espiando o céu de estio à espera de chuva. E maior seria seu susto no domingo quando soubesse de outra pesquisa, do Datafolha, que dava informação ainda mais aziaga aos netos de Tancredo Neves e de Miguel Arraes. Não, não seria tanto o índice maior dela (47% a 43,7%), porque, afinal de contas, como se aprendia antigamente no primário, não se somam (e, portanto, não se comparam) alhos com bugalhos nem laranjas com mamões. Não dá para avaliar somas de pesquisas diferentes - cada coisa é uma coisa. Mas, sim, por um dado mais perturbador para os adversários da aliança governista: a soma de futuros votos nulos, em branco ou dos que não sufragariam agora nenhum dos candidatos de outubro, que já andava seguindo como uma sombra o mineiro, agora o ultrapassa: 18% a 17%. E o pernambucano mal conseguiu entrar no reino dos dois dígitos ao alcançar meros 12%, apesar das notícias de que, enfim, a sustentável Marina Silva está para subir na garupa de sua montaria, que ainda se mostra bem claudicante. Pelo visto, o eleitor não aprecia a gestão de Dilma (conforme mostram outros indicadores da pesquisa MDA-CNT), mas prefere que ela, e não ele próprio, mude tudo.

A pergunta, também da categoria rodriguiana do "óbvio ululante", que não quer calar é: e por que ele o faria? O que de sensato, concreto e inteligente o senador tucano Aécio Neves trouxe de novo em seus três anos de atividade no Congresso? Que projeto espetacular tem seu sobrenome herdado do avô materno? A falta de propostas do PSDB é de tal obviedade ululante que o presidenciável do principal partido da oposição se propõe a "ouvir" o eleitor. A plataforma de sua candidatura é tão pobre que não inclui nem promessa. Se é fato que o cidadão se cansou de políticos que não cumprem promessas, que fique logo claro que ninguém parece disposto a investir em quem nem se dá ao trabalho de prometer.

Se Geraldo Alckmin conseguiu a proeza de ter no segundo turno de 2006 menos votos do que no primeiro e Aécio hoje perde até para ninguém, ingente também é o desafio de Eduardo Campos à química, segundo a qual água e óleo não se misturam, ao compor a chapa com Marina, não é? Como Aécio teve em seu Estado, Campos tem desempenho mais do que satisfatório no governo de Pernambuco. Ambos gozam de muito prestígio entre seus governados, mas se Minas, tido como a síntese do Brasil e com um enorme colégio eleitoral, não basta para eleger seu ex-governador, o que dizer de um pobre Estado nordestino? Apesar de desaforos trocados com os petistas no poder federal, ele não conseguiu apagar de sua imagem de realizador os benefícios de verbas federais para fazer uma boa administração estadual. Não dá para esquecer que a quase totalidade das verbas do Ministério da Integração, comandado por um cabo eleitoral dele, foi destinada a seus rincões. Tampouco dá para digerir a retórica antioportunista de sua oportuna chapa com Marina Silva. Rebentos dos Neves de São João Del Rey e dos Alencar de Crato liderarem uma "nova política" parece tão falso como uma moeda de R$ 4.

Se tudo isso é verdade, por que, então, a presidente, em vez de surfar na onda positiva, resolveu adotar a estratégia de "fazer o diabo" no pleito deste ano, vendendo a alma logo a Deus? Karl Marx e Friedrich Engels, que decretaram a condição de "ópio do povo" à fé religiosa, devem dar voltas no túmulo ao saberem que sua velha discípula de guerra tem uma imagem de Nossa Senhora Aparecida no gabinete presidencial. E, pior, já beijou a mão do representante de Jesus Cristo na Terra três vezes em menos de um ano. Em março do ano passado foi a Roma para acompanhar a missa de inauguração do papado de Francisco levando uma comitiva de provocar repulsa pelo exagero de dispêndio e ostentação ao padroeiro do bispo de Roma, São Francisco de Assis. Em agosto fez discurso palanqueiro ao receber Sua Santidade no Rio. E agora voltou a Roma para ver o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, ser introduzido no Colégio dos Cardeais. Para dizer o mínimo, que exagero!

Devota do marketing político, Dilma fantasia-se de peregrina de ocasião para conquistar o voto católico em outubro. Mas por que o faz, se entre seus índices de preferência e os de seus adversários há 30 pontos porcentuais e a crescente opção do eleitorado pelo direito de não ter de escolher? A julgar pelo noticiário dos últimos dias, há, de fato, um fantasma que passou a persegui-la: o padim Lula de Caetés. Mais do que os índices das pesquisas que desnudam sua má gestão, assusta-a o fato de companheiros, empresários e outros ex-bajuladores irem a São Bernardo do Campo buscar consolo contra o estilo truculento dela no profeta que só precisou do próprio carisma para fazê-la sucessora. Se nem sequer pode usar o maior peso do poder da República, o chumbo do Diário Oficial (até porque este não é mais impresso a quente), para extinguir a onipresença do patrono no Planalto na pessoa de seu abusado secretário Gilberto Carvalho, ela tem é de rezar e de beijar muito o anel do sucessor de São Pedro para expulsar de seu sono inquieto essa assombração.


Entre o Natal e o Carnaval - ROSÂNGELA BITTAR

VALOR ECONÔMICO - 26/02

Lula a amigos: entregar o poder a esses... jamais

É sutil, mas existe, uma mudança de conteúdo do movimento Volta, Lula, ocorrida entre o passado Natal e este presente Carnaval. Até o fim do ano passado, a candidatura Lula a presidente em 2014 era uma possibilidade sempre considerada a partir da configuração de determinados cenários. O ex-presidente faria campanha da reeleição para a presidente Dilma e, assim, manteria acesa a chama que ilumina seu nome para o caso de precisar entrar na chapa de última hora, o que seria determinado pelas pesquisas, pela derrocada da economia, pela contaminação de crise internacional. Aos empresários e políticos que o procuravam pedindo para ser o candidato, o ex-presidente prometia "melhorar" Dilma, pedia paciência e dizia que ela ia mudar. Aos mais próximos dizia, e pedia que esse fosse o discurso oficial, que deveriam todos trabalhar pela reeleição contando com ele só em 2018.

A partir do Congresso do PT começou uma mudança de cenário. Piorou a avaliação da presidente por seus pares, houve fissura na relação de Dilma com partidos aliados, com empresários e, notadamente, com o seu partido, o PT. A presidente foi à sessão plenária de abertura do Congresso depois de determinar que não fosse feita na sua presença nenhuma alusão ou homenagem aos petistas presos no rastro do mensalão. Pronunciou um discurso avaliado no PT como tecnocrático, enfadonho, sem conteúdo político-partidário, para delegados a um Congresso do partido acostumados a serem incendiados por Lula. A comparação foi acachapante.

No dia seguinte, quando o partido agendou a homenagem aos presos e suas famílias, para descoincidir com sua presença, a seu pedido, o auditório já estava esvaziado. A situação atingiu em cheio o humor do PT que, por intermédio de vários de seus principais líderes e ex-líderes de bancada, entrou forte no grupo de pressão sobre o ex-presidente para que seja ele e não ela o candidato na chapa do partido, em 2014, tomando a decisão já, agora, sem esperar outras condicionantes anteriormente prenunciadas.

Em seguida, o MST fez um Congresso em Brasília e João Pedro Stédile disse que o governo Dilma fez menos na reforma agrária do que o governo Fernando Henrique Cardoso e muito menos que Lula, alimentando a fogueira de que tempo bom era o passado.

Os empresários também intensificaram as críticas e chegaram a relacionar, em conversa com o ex-presidente, tudo o que de ruim está acontecendo hoje e não estaria se fosse ele no cargo, saudosos da aurora de suas vidas. Aqui, no personagem principal, reside a diferença mais substantiva registrada entre o Natal e o Carnaval: o ex-presidente perdeu a veemência a favor de Dilma, cansou de tentar convencer que vai conseguir mudar a presidente e fazê-la seguir seus conselhos. Passou a ter iniciativas na tentativa de não deixar o governo degringolar de vez e perder o apoio tanto dos empresários como de agentes internacionais, de aliados e do PT. O artigo publicado ontem, no Valor, é um exemplo da estratégia, bem como os contatos que tem feito com chefes e ex-chefes de Estado ainda influentes em seus países.

Lula passou a fazer uma campanha mais direta para livrar o Brasil das más avaliações de risco e saiu do mutismo. Quando alguém critica, ele concorda e se diz cansado de pelejar. Não se ouviu uma palavra sua, agora, para desmentir que teria falado mal do governo com os empresários ou que tenha jogado a toalha com relação a Dilma. Quem comentou os mais recentes episódios foi Dilma, em Bruxelas, mesmo assim evitando a essência dos problemas ou das soluções. Apenas disse uma frase ouvida no Brasil através de seus numerosos sentidos: "Não temos divergência, a não ser as normais".

Para consolidar o quadro que deixou o PT à vontade para aderir à campanha do Volta, Lula, a última rodada de pesquisas mostrou que a intensa campanha eleitoral que a presidente Dilma fez entre o Natal e o Carnaval não teve bom resultado: onde não caiu, ficou estacionada, acendendo as luzes de alerta, ao mesmo tempo que da esperança, ao PT e ao Instituto Lula. Agora é Lula quem recebe conselhos para não demorar a decidir pois teme-se a contaminação à sua imagem se atrasar o corte do cordão umbilical com sua criatura

Não há lorota maior do que o registro de que o PT até topa perder a eleição em 2014, para vencê-la em 2018, como se tem dito na estratégia oficial traçada ao redor de Lula. Deputados, senadores, prefeitos, governadores, vereadores, não há um petista que não queira se reeleger, eleger seu escolhido e manter funcionando a máquina eleitoral em que se transformou o partido. Sem contar que Lula, de seu lado, tratou de declarar com todas as expressões peculiares da língua portuguesa, em conversa com aliado amigo, que não entrega o poder a esses... nem amarrado.

O governo agora partiu para o escárnio com o público eleitor que gostava das iniciativas de saneamento dos cargos federais, a chamada faxina ética. Pegou um ministro flechado quase mortalmente por denúncia contundente e publicou, no Diário Oficial, sua demissão. Quando já se começava a admirar a iniciativa, a assessoria do atingido divulgou uma nota dizendo que Arthur Chioro continuava firme na condução do Ministério da Saúde. Foi uma demissão fantasiosa, por algumas horas, para que pudesse assumir outro emprego que não poderia acumular com o cargo de ministro.

Transpôs os limites do Palácio do Planalto a notícia de que, finalmente, antes que os sinos badalassem um mês, o ministro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, criou seu primeiro atrito com um colega de governo.

E, ao contrário do que todos esperavam, não foi com o ministro Guido Mantega. O chefe da Casa Civil tem a missão de coordenar o governo e, para isso, busca informações em todas as áreas. Fala com os ministros da Pasta em questão antes de passar relatos à presidente.

Mercadante já criou sua marca: o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, soube pela própria Fifa que Mercadante ligou diretamente à entidade para fazer completo questionário sobre a Copa no Brasil.

Não é força. É jeito - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 26/02

Há um caso acontecendo na troca de ministros e no engasgo das relações do governo com o PMDB em que vale a pena prestar atenção.

Envolve o senador Eunício Oliveira e é emblemático de como o temperamento da presidente Dilma Rousseff e o comportamento do PT em relação aos aliados criam dificuldades para o governo.

Há coisas que Dilma não sabe fazer. Não tem familiaridade alguma com a política, por exemplo. Não ouve quem tem esse atributo e toca o barco como acha que deve, insistindo no erro e na ilusão de que uma hora ele leve ao acerto.

O caso é o seguinte: a presidente quer porque quer entregar a Eunício Oliveira, líder do PMDB no Senado, o Ministério da Integração Nacional. Ela já ofereceu de tudo, inclusive a pasta de "porteiras abertas", com liberdade para ocupação de cima abaixo.

Ele não quer, prefere disputar o governo do Ceará, onde está em primeiro lugar nas pesquisas. Isso foi dito diretamente a Dilma umas duas ou três vezes. Em uma delas, a conversa durou seis horas em Palácio e resultou em recusa.

Não se tem notícia de presidente da República que tenha levado tantos "não" repetidos e diretos. Em geral convites são precedidos de sondagens por intermédio de interlocutores abalizados. Há mediação, tentativa de convencimento, tudo para evitar que a autoridade maior passe pelo constrangimento de ouvir uma negativa assim frente a frente.

Pois Dilma Rousseff ouviu e ao que consta ainda não desistiu de oferecer o Ministério da Integração a Eunício. Não ao PMDB, que aceitaria o cargo de bom grado para o senador Vital do Rego, mas para Eunício Oliveira.

E por que essa obsessão da presidente pelo nome do líder do partido no Senado? Por que ele é um especialista na área? Por que nos dez meses que teria à frente da pasta o Rio São Francisco teriam finalmente suas águas transpostas?

Nada disso. Dilma quer resolver um problema dela no Ceará. Eleitoral, evidentemente. O PT local está fechado com os irmãos Cid e Ciro Gomes. Tirando o PMDB da disputa e entregando o ministério a Eunício, Dilma forçaria o partido a entrar na aliança e montar um palanque governista único para ela no Estado.

Se o senador cearense, ao contrário, insistir na candidatura a governador, para se viabilizar necessariamente terá de fazer alianças com a oposição. Vale dizer, PSDB e PSB. A hipótese do palanque duplo está fora de cogitação.

O PMDB está vacinado com o que ocorreu na Bahia em 2010. Foi feito um acordo redigido pelo hoje ministro Moreira Franco e assinado pelos então coordenadores da campanha de Dilma, José Eduardo Cardozo, José Eduardo Dutra e Antonio Palocci, pelo qual o governo federal daria apoio às candidaturas de Jaques Wagner, do PT, e Geddel Vieira Lima, do PMDB.

A candidata inclusive esteve na convenção que lançou Vieira Lima ao governo do Estado. No meio do caminho mudou de ideia. Deixou o aliado a ver navios e anunciou que na Bahia o candidato do Planalto era o petista Wagner. Com esse exemplo em tela o PMDB não confia mais em promessas de apoio compartilhado.

Esse tipo de comportamento tem dificultado alianças regionais entre os dois partidos. O esforço em relação ao Ceará em boa medida se deve ao fato de que o PT sabe que não dá para brincar com o Nordeste, onde a dianteira não será a mesma. As coisas não andam bem no Maranhão, em Pernambuco há Eduardo Campos para tirar votos e na Bahia o PMDB será oposição.

Do lado do senador Eunício, o ministério não seria o melhor negócio. Primeiro, nesta altura ficaria mal no eleitorado cearense, pois trocaria a chance de governar o Estado por um cargo de ministro. Posição que já ocupou no governo Lula.

Em segundo lugar, a disputa eleitoral não representa risco para ele, cujo mandato de senador vai até 2018. Ou seja, se for derrotado tem margem de segurança.

Se Dilma fizer o convite de novo, no PMDB a aposta é que ouvirá um não mais uma vez. E fica a dúvida: se o risco é grande de perder, o que ganha em insistir? Coisa de quem não é do ramo.


Do Valongo ao Deutsche Bank - ELIO GASPARI

FOLHA DE SP - 26/02

O banco alemão e a Siemens fazem pelos brasileiros do século 21 o que fizeram os ingleses do 19


A Portela vai para a avenida cantando o Cais do Valongo. Até 1831 passaram por ele um milhão de escravos, vindos "de Angola, Benin e do Congo". O tráfico de escravos só foi proibido em 1850, mas anos depois um dos magnatas do Império foi apanhado contrabandeando negros que eram levados para um viveiro na Restinga da Marambaia. No século 21 o presidente da República passava feriadões nessa propriedade como se ela fosse apenas um ponto aprazível do litoral do Rio.

A Inglaterra aboliu a escravidão em 1833 e inaugurou a primeira rua com luz elétrica em 1878. O avanço tecnológico levou cinco anos para chegar ao Brasil, em Campos. Já o avanço social, a abolição, levou 55 anos. Tendo sido o primeiro país da América do Sul com iluminação elétrica na rua, foi o último a acabar com a escravidão. A pressão veio de fora para dentro.

De fora para dentro vem outro benfazejo progresso social. O Deutsche Bank acaba de aceitar um acordo pelo qual indenizará em US$ 20 milhões a Prefeitura de São Paulo por ter sido o conduto pelo qual o ex-prefeito Paulo Maluf expatriou US$ 200 milhões da Viúva. Esse dinheiro foi achado em 2001 pela polícia da Ilha de Jersey, um pequeno território autônomo do canal da Mancha. (Ganha uma viagem à Coreia do Norte quem achar que operações desse tipo nunca passaram pela banca nacional.)

Some-se a esse ato de contrição a conduta da Siemens ao colaborar com o Ministério Público nas investigações do cartel dos fornecedores de equipamentos para os governos tucanos de São Paulo. Nessa rede operava a francesa Alstom. Trata-se de uma ladroeira denunciada pela primeira vez em 1995, que se arrastava na burocracia nacional, mas ganhou um novo (e letal) alento com a decisão da Siemens.

O Deutsche Bank e a Siemens não foram convertidos à causa da moralidade pelas lições do papa Francisco. Fizeram o que fizeram porque temeram as leis de seu país e as normas de organizações internacionais. Como ocorreu no século 19 com o tráfico, tornou-se melhor negócio sair dele. Durante as farras da ditadura, o presidente do Deutsche Bank foi um queridinho do Milagre. Já a Siemens fartou-se no ruinoso acordo nuclear dos anos 70.

É comum que empresas americanas mobilizem suas embaixadas para sinalizar que estão sendo prejudicadas por transações misteriosas na burocracia nacional. Há alguns anos, uma licitação da Infraero foi posta nos trilhos depois de uma palavrinha da diplomacia americana. Em outros casos, há diretores que acham que podem dançar pela melodia nativa. Assim fez o grupo Brookfield, que opera no mercado de shoppings. Em 2012, uma ex-diretora da empresa denunciou que ela pagara R$ 1,6 milhão em propinas à rede de Hussain Aref Saab, o encarregado da liberação de obras na Prefeitura de São Paulo. O doutor amealhara um patrimônio de 106 imóveis. A Brookfield informou que não sabia de "supostos atos de suborno". Ficaria tudo na mesma, mas entrou no caso a Securities and Exchange Commission, que vigia o comportamento das empresas americanas. Bingo. Quando a prefeitura detonou a quadrilha dos fiscais, a Brookfield mudou suas regras e confirmou ao Ministério Público um capilé de R$ 4,1 milhões. Podiam ter feito isso em 2012.

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