terça-feira, 24 de novembro de 2015

Braço-direito de Lula vai preso. Quando irá o resto? POR FELIPE MOURA BRASIL


Lava Jato está a um dedinho do petista com prisão de seu melhor amigo, Bumlai

Por: Felipe Moura Brasil  
Atualizado às 13:57.
Bumlai preso
Amigo de Lula, José Carlos Bumlai é levado em cana pela Polícia
“O ex-presidente era o responsável pelo governo. Se a Lava Jato chegar ao ex-presidente, vai chegar com uma acusação sólida, com uma denúncia apresentada pelo Ministério Público baseada em fatos concretos, comprovados.”
Essa havia sido a resposta do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima quando questionado por VEJA a respeito de Lula.
Na manhã desta terça-feira, seu melhor amigo foi preso pela Lava Jato em Brasília, antes de depor na CPI do BNDES.
A operação batizada de Passe Livre levou em cana o pecuarista do Mato Grosso do Sul e empresário do setor sucroalcooleiro José Carlos Bumlai, que tinha justamente “passe livre” no gabinete de Lula, como mostra a imagem abaixo, revelada pela revista.
jose-carlos-autorizacao
“O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância.”
O Ministério Público Federal (MPF) afirmou que Bumlai utilizou contratos firmados na Petrobras para quitar empréstimos junto ao banco Banco Schahin.
Segundo o procurador Diogo Castor de Mattos, o dinheiro dos empréstimos era destinado ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Ou seja: o banco Schahin emprestava dinheiro ao PT e ganhava em troca contratos na Petrobras, negociados pelo amigão do Lula.
1) Vejamos o principal deles:
O grupo Schahin ganhou o contrato para a operação do navio-sonda Vitória 10.000 em troca de um empréstimo de R$ 12 milhões que o Banco Schahin concedeu a Bumlai em 2004.
O empresário Salim Schahin, que teve acordo de delação premiada homologado na semana passada, confessou as irregularidades.
A força-tarefa da Lava Jato confirmou que Salim Schahin recebeu um telefonema da Casa Civil então comandada por José Dirceu quando Bumlai obteve o empréstimo.
O ex-tesoureito do PT “Delúbio Soares e José Dirceu influíram na agilização da liberação do crédito”, disse ainda o delator Sandro Tordin, ex-presidente do Banco Schahin.
Bumlai negava qualquer ligação com contratos da Petrobras e havia dito que o empréstimo com o grupo Schahin foi quitado com a entrega de embriões bovinos.
Mas Salim Schahim disse aos investigadores que o empréstimo foi perdoado.
Ele também disse que Bumlai tomou “o empréstimo em nome do Partido, pois havia uma necessidade do PT que precisava ser resolvida de maneira urgente”.
No pedido de prisão de Bumlai, o MPF anexou o depoimento de Marcos Valério, no qual o publicitário preso pelo mensalão diz que o dinheiro do empréstimo do Banco Schahin a Bumlai era para comprar o silêncio de Ronan Maria Pinto sobre o assassinato de Celso Daniel.
Na versão de Bumlai para o delator Fernando Baiano, no entanto, o dinheiro – concedido em 2004 – seria para pagamento de dívidas da campanha de Lula de 2002.
Mas o que parece mais urgente? A compra de um silêncio ou o pagamento de dívidas de uma campanha de dois anos antes? A primeira opção, é claro.
Além do empréstimo de R$ 12 milhões, há pelo menos uma dezena de outros empréstimos, no valor de dezenas de milhões de reais, envolvendo pessoas físicas ligadas ao pecuarista, segundo o procurador Mattos.
O juiz Sergio Moro escreveu em seu despacho:
“Provas indicam que (Bumlai) disponibilizou seu nome e suas empresas para viabilizar de maneira fraudulenta recursos a partido político, com todos os danos decorrentes à democracia e, posteriormente, envolveu-se na utilização de contrato público de empresa estatal para obter vantagem indevida para si e para outrem”.
2) O delator Fernando Baiano narrou à Lava Jato como Bumlai se comprometeu a procurar o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli e Lula para garantir um contrato para a Schahin.
Eis um trecho: o depoente pressionou Bumlai para que ele acionasse os contatos dele, em especial Gabrielli e o Presidente Lula; que Bumlai respondeu que o depoente poderia ficar tranquilo pois iria acionar Gabrielli e o ‘Barba’, que era como Bumlai se referia ao Presidente Lula; que Bumlai disse ao depoente que, assim que tivessem feitos os contatos, iria avisá-lo para que a questão fosse colocada em pauta; que Bumlai posteriormente avisou o depoente que tudo estava certo e que poderia levar a questão à Diretoria Executiva, pois seria aprovada; que Bumlai não citou nomes, mas afirmou que tinha conversado com as ‘pessoas'; que nesta conversa, ao contrário da anterior, Bumlai não mencionou quem seriam tais pessoas”.
Um chefe astuto autoriza e desautoriza operações sem deixar pegadas dos próprios atos.
Para verificar se Lula deu seu aval, a Lava Jato terá de rastrear ligações e deslocamentos de Bumlai que indiquem encontros com o “Barba” entre o pedido de Baiano e a confirmação do pecuarista.
Baiano disse ainda ter pago R$ 2 milhões em propina a Bumlai, em virtude da intermediação do pecuarista junto a Lula para um contrato com a petrolífera.
Segundo as investigações, foi simulado um contrato de aluguel de equipamentos na transação e emitidas notas fiscais falsas.
3) Como VEJA revelou em 2011, Bumlai também foi favorecido por financiamentos do BNDES.
Agora a Lava Jato sabe que, ao receber o primeiro empréstimo do banco, para a Usina São Fernando, no valor de R$ 64 milhões, Bumlai transferiu parte do valor para contas do frigorífico Bertin, cujos controladores Natalino e Silmar Bertin foram levados pela PF para prestarem depoimento.
O juiz Sergio Moro autorizou ainda uma diligência de busca e apreensão no frigorífico.
A Usina São Fernando teria sido administrada conjuntamente pelos Bertin e Bumlai entre 2007 e 2012, quando o BNDES aportou mais centenas de milhões de reais.
Moro intimou o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a entregar à PF todos os documentos envolvendo os empréstimos concedidos à Usina São Fernando Açúcar e realcool e à São Fernando Energia, além de outras controladas ou com a participação de Bumlai.
Este blog foi informado de que o pessoal da Área Industrial, responsável pela análise e contratação da operação com o Grupo São Fernando, está a mil para preparar e enviar toda a documentação. O superintendente da área é o sr. Maurício dos Santos Neves.
4) Segundo a coluna Radar, de VEJA, Moro enviou um ofício à CPI do BNDES em que pede desculpas pela prisão de Bumlai antes da oitiva do pecuarista pela comissão, alegando que foi uma coincidência, uma vez que ele determina a detenção, mas quem cuida da data de deflagração da operação é a PF.
Moro ainda destacou que a partir da semana que vem deixará Bumlai à disposição da CPI.
5) Bumlai também sacou mais de R$ 3 milhões em operações atípicas comunicadas por bancos ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), segundo a Época.
“Vários saques foram feitos por um policial militar. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal rastreiam a destinação da elevada movimentação em espécie nos últimos anos.”
A Lava Jato identificou o policial militar como Marcos Sérgio Ferreira. Moro determinou sua condução coercitiva para que explique os saques.
6) Mandados de condução coercitiva ainda foram cumpridos contra dois filhos de Bumlai, que serão ouvidos pela Polícia Federal, em Brasília.
Um mandado de busca e apreensão para apreender computadores e celulares no quarto de hotel em que estavam foi pedido de última hora.
Em Mato Grosso do Sul, também foi feita busca e apreensão na residência e nas empresas do pecuarista.
cofre
Chaveiro abrindo cofre na casa de Bumlai em Campo Grande
7) Sergio Moro escreveu que Bumlai pode usar o nome de Lula para interferir na investigação:
“A fiar-se nos depoimentos, José Carlos Bumlai teria se servido, por mais de uma vez e de maneira indevida, do nome e autoridade do ex-presidente da República para obter benefícios. Não há nenhuma prova de que o ex-presidente da República estivesse de fato envolvido nesses ilícitos, mas o comportamento recorrente do investigado José Carlos Bumlai levanta o natural receio de que o mesmo nome seja de alguma maneira, mas indevidamente, invocado para obstruir ou para interferir na investigação ou na instrução.”
Apesar do cuidado de Moro em não colocar a carroça na frente dos bois, o comportamento recorrente do investigado também levanta o natural receio de que Lula soubesse de tudo. E a prisão de Bumlai levanta o natural receio no PT de que, com ela, Moro busque justamente provas contra o “chefe”.
8) No momento da prisão, Bumlai se mostrou tranquilo e não apresentou resistência.
No entanto, caciques do governo e do PT disseram a Andréia Sadi, da GloboNews, que estão com medo porque Bumlai “não é um soldado do partido – não é um Delúbio nem um Vaccari”.
Um petista que o conhece bem, segundo Lauro Jardim, “chegou a dizer diversas vezes, em tom de chiste, que Bumlai já no voo para Curitiba pediria a caneta e a papelada da delação premiada para assinar”.
Quem deve estar em pânico é Lula.
A Lava Jato, finalmente, chegou ao seu braço-direito e boa parte dos brasileiros não vê a hora de que ela leve o resto.
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