sábado, 28 de novembro de 2015

Lulinha, Friboi, a batida da PF e a Operação Zelotes: Entenda tudo isso


A batida da Operação Zelotes na empresa de um dos Lulinhas, Luis Cláudio, por conta de seus envolvimentos com José Carlos Bumlai dentre outras suspeitas, deve trazer grandes consequências aos meios políticos nos próximos meses. Leiam trecho da reportagem do G1:
O lobista Alexandre Paes dos Santos foi preso na manhã desta segunda-feira (26), em uma nova fase da Operação Zelotes da Polícia Federal. Em uma ação conjunta, agentes da PF, do Ministério Público e da Receita Federal ainda devem cumprir 5 mandados de prisão preventiva, 18 mandados de busca e apreensão e 9 de condução coercitiva. A operação é feita nos estados de São Paulo, Piauí, Maranhão e no Distrito Federal.
Os agentes realizaram busca e apreensão na empresa de marketing esportivo LFT, do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Luis Claudio Lula da Silva. Segundo as investigações, a empresa tem ligação com o escritório Marcondes e Mautoni, investigada na Zelotes.
Porém, muita gente pode estar perdida em meio a tantos escândalos envolvendo os Lulas, o PT e operações. É para esclarecer nossos leitores que preparamos um guia reduzidíssimo sobre o que está acontecendo agora:

ORIGEM DA OPERAÇÃO ZELOTES

A operação Zelotes teve origem em uma carta anônima entregue em um envelope pardo na coordenação-geral de Polícia Fazendária, no edifício-sede da PF, em Brasília. Ela citava os nomes de envolvidos em um “impressionante esquema de tráfico de influência e corrupção em Brasília, responsável pelo desvio de bilhões de reais nos últimos anos”.
A carta citava José Ricardo da Silva, sócio de “dezenas de empresas que servem para movimentar e lavar o dinheiro que recebe das empresas” para “conseguir julgamentos favoráveis e reversão de decisões já tomadas, além de intermediar contatos e decisões em diversos ministérios”.

OBJETO DE INVESTIGAÇÃO DA ZELOTES

A denúncia citava, entre empresas participantes do esquema, a Cimento Penha, JBS (de Bumlai, amigo de Lula e benfeitor de Lulinha), Caoa, Gerdau (cujo presidente já foi cotado em ministério do governo Lula), MMC, RBS e ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Essas empresas compravam votos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda (CARF) e com isso deixavam de pagar multas e penalidades impostas. Ou seja, o esquema lesava os cofres da União de duas formas: pelo enriquecimento não declarado e atuação ilegal de agentes públicos e pela perda de arrecadação que resultaria das punições. O CARF julga processos que, somados, chegam a R$ 580 bilhões de recursos devidos aos cofres públicos.

BUMLAI E OS LULINHAS NA LAVA JATO

Não se pode confundir o objeto de investigação da Zelotes com o da Lava Jato. Bumlai é alvo da Lava Jato pelo seu envolvimento não apenas com Luis Claudio Lula da Silva mas também com Fábio Luís Lula da Silva e sua esposa, que teria ganhado um agrado vindo do esquema. Relembre aqui nesta reportagem da Isto É:
Bumlai passou a fazer negócios com Lula – muitos dos quais bem suspeitos. O alcance das reuniões dos dois ficou mais claro agora. Em fevereiro, ISTOÉ divulgou um documento do Banco Central comprovando que o banco da empreiteira Schahin havia concedido um financiamento irregular ao empresário no total de R$ 12 milhões. Em troca, a empreiteira ganhou contratos polpudos com a Petrobras de arrendamento de navios-sonda. Em 2012, Marcos Valério, o operador do mensalão, disse que parte do montante teria sido usada para comprar o silêncio do empresário Ronan Pinto, que ameaçou envolver Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho no assassinato de Celso Daniel. Hoje se sabe que esse dinheiro também pode ter sido usado para pagar propina ao ex-diretor Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, e bancar despesas pessoais do filho do ex-presidente petista, Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, e de sua mulher.
As revelações fazem parte do arsenal de histórias contadas aos integrantes da Lava Jato pelo delator Fernando Baiano, que na próxima semana será liberado para ir para casa – ele tem endereço na Barra da Tijuca, no Rio –, depois de ficar um ano atrás das grades. O conteúdo de seu depoimento começou a ser conhecido na última semana. Segundo Baiano, R$ 2 milhões da propina desviada da Petrobras foram repassados para custear gastos de Lulinha e da nora de Lula. Baiano disse que o pagamento que beneficiou a mulher de Fábio Luís Lula da Silva foi feito ao pecuarista José Carlos Bumlai e se referia a uma negociação envolvendo a OSX, empresa de construção naval de Eike Batista, hoje em recuperação judicial.

QUEM É O LULINHA DA ZELOTES

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Luis Cláudio Lula da Silva não é o lulinha da Gamecorp, que ascendeu de estagiário de zoológico a empresário das telecomunicações. O lulinha da Gamecorp, patrocinado por Daniel Dantas, chama-se Fábio Luís Lula da Silva. Já Luis Cláudio é ligado à área esportiva.
Por seus méritos próprios e inegável capacitação profissional, Luis Cláudio trabalhou como auxiliar de preparador-físico no Corinthians  após ter sido auxiliar-técnico e de preparação física no Palmeiras por mais de umano e ter começado sua carreira no São Paulo Futebol Clube – o que não o impediu de, três anos depois, ironizar o clube paulista afirmando que ali havia um “monte de gays“.
Após desistir da carreira bem sucedida no meio futebolístico impulsionada por inúmeras reportagens bajulatórias como as que citamos, Luis Cláudio percebeu que seu verdadeiro dom estava na área esportiva comercial. O resto é esta história que está sendo revelada em detalhes riquíssimos pelas operações Zelotes e Lava Jato.
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BUMLAI E O LULA PAI

Lula e Bumlai se alternaram recentemente em tentar diminuir a enorme proximidade dos dois. Porém, uma rápida pesquisa em arquivos de notícias traz uma enormidade de reportagens ligando os dois, evidenciando uma amizade especial entre eles e, mais ainda, o poder que esta dupla tinha de gerar deslumbramento nos jornalistas. A reportagem abaixo foi escrita por Leonardo Attuch, cujo site Brasil 247 agora está no rol de citados nas investigações da Lava Jato. Leonardo Attuch tem, por assim dizer, opiniões bastante flexíveis e relatava com essas palavras o relacionamento Lula-Bumlai:
Na campanha presidencial de 2002, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva foi apresentado a um dos maiores pecuaristas do Brasil. Era José Carlos Bumlai, um engenheiro nascido em Corumbá, no Pantanal, que trabalhou durante 30 anos na construção pesada e que, em paralelo, desenvolveu uma atividade rural modelo em Mato Grosso do Sul: a Agropecuária JB. A empatia entre o candidato e o fazendeiro foi imediata. Lula passou quatro dias na fazenda e gravou ali, nas proximidades de Campo Grande, os programas sobre agronegócio que foram usados na campanha. “Foi um marco histórico”, recorda Bumlai, que concedeu à DINHEIRO RURAL uma de suas raríssimas entrevistas (leia mais abaixo). Nos vídeos, Lula assumiu um compromisso em defesa da propriedade e da produção, afugentando o fantasma de uma reforma agrária radical, que sempre pesou sobre os ombros do PT. Mas, mais do que um aceno ao eleitorado do grande Brasil central, Lula se mostrou de fato interessado em fomentar a produção agrícola. “Todos os dias nós ficávamos conversando até as três, quatro da manhã”, diz Bumlai. E o que mais impressionou o fazendeiro foi a visão apurada que Lula já tinha em relação ao tema agroenergia. “No futuro, assim como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek serão lembrados pela Petrobras e por Brasília, Lula terá como marca os biocombustíveis”, prevê o fazendeiro.
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Bumlai, em 2009, descreve com entusiasmo sua relação com Lula: “É um privilégio”

JBS-FRIBOI E O BNDES

O grupo JBS Friboi tem como controladores Wesley e Joesley Batista. A JBS-Friboi distribuiu quase R$ 200 milhões em doações para campanhas petistas em 2014. O grupo recebeu importantes aportes do BNDES e, recentemente, o STF negou pedido do Banco público que exigia sigilo aos contratos firmados com a empresa:
O Supremo Tribunal Federal negou nesta terça-feira (26) um pedido apresentado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para manter em sigilo informações confidenciais sobre o grupo empresarial JBS, gigante do setor de frigoríficos e dono de marcas como a Friboi.
Os dados haviam sido requisitados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para realizar uma auditoria sobre operações do BNDES de empréstimos e compra de ações da JBS. O tribunal, que auxilia o Congresso na fiscalização do uso de recursos públicos, exigiu documentos que mostrassem como a empresa vem quitando o financiamento concedido.
As operações do BNDES com o grupo JBS-Friboi ultrapassam os R$ 7,5 bilhões.

O ELO ENTRE LULINHA E A FRIBOI

O Lulinha da Gamecorp e de Daniel Dantas é quem se costuma associar publicamente à Friboi. Agora descobrimos a cadeia de ligação completa.
Paulo Roberto Costa já havia dito à Polícia Federal que uma empresa de Bumlai, amigo de Lula e incentivador dos lulinhas, faturou R$ 2,5 milhões em vendas diretas à Petrobras sem necessidade de licitação. Foi através da Immbrax, que fechou contratos dos navios-sonda – os navios-sonda por sua vez têm relação com o famoso bilhete emitido por Marcelo Odebrecht quando estava na prisão. O que se revelou na delação premiada de Fernando Baiano é que o dinheiro desse desvio foi usado para comprar o apartamento da nora de Lula, esposa de lulnha.
A Immbrax foi adquirida pela JBS Friboi. E Bumlai se juntou ao presidente da JBS-Friboi, Wesley Batista, na administração de uma usina de etanol.

PARA ENTENDER MAIS:

  • Fernando Baiano, o delator que está entregando os lulas, era muito próximo a Bumlai. Usava a sala de uma fornecedora de próteses e órteses para a rede pública de saúde para carregar as malas de dinheiro do petróleo. Fonte;
  • Fernando Baiano também afirmou ter ajudado o Lulinha da Gamecorp com R$ 2 milhões para cobrir suas despesas. Relembre aqui;
  • As relações de Bumlai com Lula em reportagem da IstoÉ;

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