sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Roger Scruton e a Nova Esquerda

Roger Scruton e a Nova Esquerda

Scruton
Em seu novo livro, Roger Scruton oferece um diagnóstico e um antídoto para a Nova Esquerda.
Por Ron Capshaw: [*]
O importante é que não se discuta [com os Comunistas]… não importa o que você diz, eles possuem mil maneiras de distorcer suas palavras e rebaixá-lo a alguma categoria inferior de ser humano: ‘Fascista’, ‘Liberal’, ‘Trotskista’, desqualificando-o tanto intelectualmente quanto pessoalmente no processo.
A citação acima é de F. Scott Fitzgerald que — apesar de ter sido ridicularizado por Edmund Wilson como alguém que tinha talento mas não tinha cérebro — era, talvez, o único membro da Geração Perdida astuto o bastante para não se iludir com o Comunismo. O modo de atuação que ele atribui aos Comunistas de Hollywood na década de 30 passou despercebido durante décadas até reaparecer no meio acadêmico. Nós, estudantes já formados, vimos isso em ação. Certa vez, fui testemunha de um estudante questionando um professor por que não havia livros conservadores na grade curricular para fazer contrabalancear os livros esquerdistas, ao que o professor respondeu: “porque são todos fascistas”. E assim foi.
Essa tendência é comprovada no estudo de Roger Scruton sobre os “pensadores” da Nova Esquerda — Fools, Frauds, and Firebrands (“Tolos, Fraudes e Agitadores” em tradução livre).  Ao levar o leitor a cada um destes pensadores e seus “ismos” em particular — o pós-modernismo de Michel Foucault, o Marxismo baseado no Protestantismo de Eric Hobsbawm e E. P. Thompson — o resultado final é sempre o mesmo. Todos são impacientes com as imperfeições da Civilização Ocidental. Todos procuram uma ideologia mais eficiente. Todos se preparam para uma guerra civil, adotando a categorização de classes por seus efeitos explosivos em uma sociedade coesa. Todos eles defendem a justiça de sua causa, apropriando-se de uma linguagem e selecionando palavras de exaltação que expressam sua vaidade moral.
Deste modo, eles praticam o Maniqueísmo, rotulando de “maus” todos os que se opõem à sua agenda de “justiça social” com palavras aterrorizantes tais como “capitalistas” e “fascistas”. Até mesmo aqueles que possuem uma relação muito vaga com o Marxismo, como Foucault, encontram opressão e discórdia na Civilização Ocidental. Para Foucault, o próprio conceito de objetividade já é fascista (verbos por sua vez são construções opressivas).
É nessa área da linguagem que Scruton identifica o sucesso desses intelectuais no domínio do meio acadêmico. A exemplo de George Orwell, Scruton descreve como eles pautam a linguagem do debate e, uma vez que se auto-proclamam os defensores da humanidade, todos os que se opõem a eles são contra a humanidade – ou ervas daninhas que sufocam o jardim.
Apesar da retórica de estarem dispostos a confrontar a realidade, Scruton enfatiza que suas ideologias são criadas para evitar a realidade. Em nenhum lugar isso é tão nítido quanto na realidade vivida pela União Soviética. Eric Hobsbawm louvava Lênin por ter libertado os russos do Czar e compreendia seus métodos cruéis pós-Revolução como necessários ao progresso da humanidade. Tal manipulação de linguagem exige uma omissão de fatos, como a perseguição e o assassinato de intelectuais ordenados por Lênin. Vasculhe a obra de Hobsbawm e verá que não há uma menção sequer sobre o fato de Stalin ter diminuído para 12 anos a idade mínima para a aplicação da pena de morte.
Estes intelectuais são tão confiantes de seu poder que entram em estado de choque quando um dos seus abandona o grupo. E. P. Thompson se sentiu “ferido e traído” quando um de seus colegas condenou a brutalidade do Comunismo no Leste Europeu.
Apesar de todas suas críticas, o britânico Scruton é tolerante em relação aos pensadores da Nova Esquerda britânica. Thompson tinha “uma mente investigativa brilhante”. Por não aderirem à agenda internacionalista, os socialistas britânicos possuem a “atrativa” qualidade de buscar os interesses de sua terra natal somente. Este “amor pela terra natal e seu território” torna possível o diálogo sobre pontos em comum com os conservadores britânicos.
Ao contrário de muitos conservadores, Scruton não é somente um refutador, mas delineia uma rota de saída do Marxismo. Dá-se pelo Estado de Direito — não por um movimento revolucionário — em que os cidadãos têm a proteção das instituições enquanto que tais instituições estão sujeitas à lei e aos seus cidadãos.
O livro de Scruton, com sua análise sobre os excedentes de commodities e métodos de consciência, pode ser de difícil leitura. Os desinteressados em discussões filosóficas sobre o que constitui as realidades de classe  podem se perder no caminho. Porém, aos que queiram ver como – depois da implosão do Comunismo – a esquerda inflexível dominou o mundo acadêmico e ainda se mantém nela até os dias de hoje, o livro pode ser recompensador.
[*] Ron Capshaw. “Roger Scruton and the New Left“. National Review, 12 de dezembro de 2015.
Tradução: Hélio Duarte
Revisão: Hugo Silver

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